“9. Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. 10″Antigamente, não éreis povo; agora, sois povo de Deus; não tínheis recebido misericórdia; agora, recebestes misericórdia” (1 Pe 2.9-10).
Em 1 Pedro, o apóstolo exorta o povo de Deus a perseverar firme nos caminhos de Cristo, obedecendo ao Senhor diante de todos os desafios que estavam sendo impostos a fé.
No século I, muitos irmãos estavam sofrendo perseguição após entregarem suas vidas a Jesus, de forma que, muitas pessoas tiveram que fugir e estavam perdendo os seus bens, posses e liberdade.
Em meio a toda a tensão, era importante que a igreja fosse encorajada a não retroceder em sua confissão por Cristo, assim como, a persistirem no cumprimento da missão que lhes foi concedida por Deus.
Infelizmente, ao longo da caminhada cristã, podemos enfrentar situações desafiadoras que são capazes de nos levar a não ter uma visão clara sobre quem realmente somos diante de Deus e qual o propósito da obra de Cristo em nós. Nestes momentos, a semelhança da igreja primitiva, necessitamos ser encorajados a olhar para a nossa realidade, reconhecendo que o Pai Celestial está ao nosso lado e como as eventuais adversidades não devem nos impedir que avancemos na pregação do evangelho.
O Senhor nos desafia a firmeza espiritual ao estarmos despertos para a missão, percebendo que nos dias maus, nós também somos incentivados a promover a liberdade através de Jesus.
Diante do exposto, quais exortações esse texto no faz acerca do despertamento para a missão.
Conteúdo do post
1. Desperte para a sua nova identidade em Cristo. Vs. 9a
Pedro recorda a igreja perseguida qual é o seu verdadeiro status diante do Senhor. Os irmãos na fé não poderiam esquecer que eles eram “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”.
Em Cristo Jesus, eles haviam recebido uma nova identidade, a qual necessitava ser reconhecida como a natureza do povo do Senhor.
Nesse sentido, o apóstolo está ensinado que na Nova Aliança em Cristo, a igreja recebe as atribuições que no Antigo Testamento pertenciam a Israel (Dt 10.15-16; Ex 19.5-6; Is 43.20-21).
1.1. Geração eleita
Por geração eleita, Pedro está expondo a disposição do Senhor em tomar para si pessoas que constituiriam o seu povo (Jo 15.16). Essa escolha é uma expressão do amor de Deus, o qual alcança vidas através do sacrifício de Cristo e lhes constituem o povo redimido.
1.2. Sacerdócio Real
Diferente do Antigo Testamento, no qual apenas a tribo de Levi desempenhava, especificamente, o papel de sacerdotes, no Novo Testamento, todos os salvos em Jesus recebem a responsabilidade de serem sacerdotes reais. Cada cristão tem livre acesso ao Criador mediante Cristo (2 Tm 2.5) e exerce todo o seu serviço diante da realeza do Salvador, que recebeu de Deus Pai, toda a autoridade nos céus e na terra (Mt 28.18; Fl 2.9-11).
1.3. Nação santa
A igreja é convocada a viver de acordo com os padrões estabelecidos por Deus e a se manifestar como uma nação santa, refletindo a santidade de Deus.
Em 1 Pedro 1.14-16, o apóstolo Pedro exorta os cristãos a se comportarem de acordo com sua identidade em Cristo, destacando a importância de viver em obediência ao Senhor.
1.4. povo de propriedade exclusiva de Deus
Deus estabeleceu um povo que deve viver exclusivamente para Cristo.
Se na Antiga Aliança, o Senhor exigia a fidelidade de Israel (Js 24.14), de igual maneira, o Senhor determina que a igreja deve viver um compromisso de fidelidade exclusiva a Jesus (Ap 2.10).

Aplicações.
As quatro características mencionadas por Pedro possuem implicações práticas para nossas vidas. Em primeiro lugar, somos desafiados a assumir a nossa verdadeira posição diante de Deus e reconhecer que, enquanto povo do Senhor, nós temos uma identidade estabelecida por Jesus.
Deste modo, não importa quais adversidades externas (perseguição, perda dos bens ou liberdade) ou internas (provações, tentações, medos) possamos enfrentar, devemos resistir as situações e compreender que a nossa condição em Cristo é inabalável.
1. Precisamos descansar na certeza de que estamos seguros nas mãos de Jesus e que nada é capaz de revogar a nossa salvação (Jo 10.27-30).
A nossa identidade em Cristo nos expõe a responsabilidade de sermos representantes do próprio Deus perante o mundo. Através da obra redentora de Jesus, cada integrante do povo do Senhor tem a possibilidade de experimentar uma nova vida, a qual testifica o quão Deus é poderoso e como somos dependentes do seu agir (2 Co 5.17).
2. Precisamos viver exclusivamente para o Senhor, renegando ao pecado e testificando que todas as pessoas podem ter uma vida transformada em Jesus.
Esse testemunho, portanto, dispõe de atenção diante do mundo, porque a igreja é o maior exemplo de como o Senhor é poderoso para transformar vidas.
2. Desperte para a proclamação da misericórdia e grandeza de Cristo. Vs. 9b-10
O apóstolo segue, sua argumentação, apresentando um dos propósitos para os quais o povo de Deus foi constituído, o de testemunhar da misericórdia e da grandeza de Jesus (vs. 9b).
Pedro busca conscientizar a igreja de que o Senhor revela a sua grandeza através da obra da salvação. Sem Cristo, as pessoas estavam entregues ao pecado (trevas) e viviam totalmente alienadas de Deus, de forma que tinham aversão a luz (Jo 3.19-20).
Entretanto, em um ato de misericórdia, o Pai Celestial se compadeceu da situação humana e através do evangelho concedeu-nos o perfeito Salvador, Jesus Cristo.
Deus tinha todo o direito de nos condenar, pois todos os homens são pecadores (Rm 3.20) e o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). No entanto, ao invés de condenação imediata, o Senhor nos concedeu a o salvação através do seu Filho unigênito (Jo 3.16).
Assim, a igreja deve estar pronta a testemunhar que a misericórdia de Deus é uma realidade presente e que podemos obter perdão dos nossos pecados através de Jesus.

A igreja é convocada a olhar para sua experiência particular e considerar qual era a sua real condição antes de Jesus, quando eles ainda não eram povo de Deus (vs.10).
Sem a compaixão divina é impossível que nos acheguemos ao Senhor, pois os méritos humanos são incapazes de conquistar o perdão do Pai, bem como de redundar em salvação pessoal (Is 64.6).
Deste modo, Pedro expõe que graças a misericórdia de Deus, uma nova circunstância é possível.
Em Cristo, pessoas que outrora estavam entregues ao pecado são transformadas e como resultado final desta ação de misericórdia, estes que mereciam o castigo eterno, agora recebem o perdão e são inseridos em uma nova realidade, na qual se tornam povo do Senhor.
Uma nova condição que expressa toda a bondade de Deus para com o ser humano e que se torna o fundamento do testemunho dos remidos em Jesus, a salvação é pela graça de Cristo (Ef 2.1-10).
Aplicações
O texto nos conduz ao reconhecimento de que a igreja é um povo que possui uma mensagem a ser testemunhada.
1. Somos desafiados a proclamar confiantemente o evangelho de Cristo Jesus, sabendo que somente através do Filho de Deus, nós somos alcançados pela misericórdia divina.
Não há outro nome dado entre os homens pelos quais possamos ter acesso ao perdão de Deus (At 4.12).
2. A igreja não deve se envergonhar do evangelho, pelo contrário, cada membro do corpo de Cristo deve aprender a testemunhar sobre Jesus e a explicar a outros como Jesus o tem transformado.
3. Devemos ser gratos pela misericórdia que alcançou as nossas vidas. A gratidão deve estar associada a proclamação do Evangelho, reconhecendo que falar sobre Jesus não é um fardo, mas um motivo de grande satisfação, pois estamos anunciando aquele que se compadeceu de nós e que é poderoso para salvar a todos quanto depositarem a sua fé nele.
4. Devemos estar prontos a pregar o Evangelho, quer o tempo seja oportuno ou não (2 Tm 4.2), visto que fomos salvos por uma grande salvação, a qual testifica o quão somos amados pelo Senhor.
Conclusão
Somos convocados ao despertamento para a missão. Sem sombra de dúvidas, uma igreja local pode enfrentar desafios que a exponha ao desânimo e diminua o seu fervor missionário.
No entanto, essa não é a vontade de Deus para o seu povo. O Senhor deseja que estejamos plenamente comprometidos com a sua obra e que lembremos todas as bênçãos que temos em Cristo Jesus.
Apesar das adversidades, recordemos que em Cristo somos mais que vencedores (Rm 8.37) e que no Senhor o nosso trabalho nunca será em vão (1 Co 15.58).